Primeiro Encontro Internacional, em Valadares (1974 Julho e Agosto)
29 mayo al 06 junio 2012
En esta 2ª residencia la investigadora es Marta Azevedo (pt), con dos estancias, una en marzo y otra en mayo, para investigar en su tesina sobre performance portuguesa desde 1969 hasta la actualidad.
Gerardo Burmester “Construção e Destruição” – Segundo Encontro Internacional, em Viana do Castelo 1975
«As pessoas, aglomeradas em torno destes espaços, olharam atentas e ficaram como que em estado de hipnose, seguindo com os olhos o sentido aparentemente gratuito dos gestos destes atores”
(Eurico Gonçalves, Terceiros encontros Internacionais de Arte, na Póvoa do Varzim)
» A performance, desconstrói a condição de observador do público, tornando–o interator.”
A geração dos artistas que romperam com os espaços tradicionais das artes plásticas e partiram para a experimentação, na área da performance, teve como uma das principais preocupações a sua atuação e o envolvimento com público em geral. É neste conjunto de promoção social e política, fruto da época revolucionária em que se vivia, que reside o seu carácter impulsionador. Para que tal acontecesse, não poderia deixar de mencionar, Egídio Álvaro, crítico de arte que abriu caminho como promotor e organizador dos principais festivais de performance e Encontros Internacionais de Arte, em Portugal, entre outros eventos que percorreram várias zonas do país, saindo da rota dos grandes centros urbanos. O seu contributo foi fundamental, não só pelo seu ativismo como pela sua relação com a teoria e crítica de arte, associando-se aos trabalhos dos artistas e performers, dando-lhes visibilidade e divulgando-os fora do país. Importante fonte de informação, antes da revolução, procurou difundir as principais tendências artísticas, festivais e encontros internacionais como a Documenta Kassel, Prospect Dusseldorf e a Bienal de Paris, acontecimentos que iam chegando aos diversos círculos artísticos através das edições da Revista de Artes Plásticas (1973-1978), da qual fazia parte.
Algumas frases resumem o espírito vivido, após 1974, segundo Egídio Álvaro:
«Les Rencontres Internationales d’art au Portugal dont j’assurais la conception et la direction artistique furent un véritable lieu de l’ouverture de l’árt vers la population dites pudiquement «non sensibilisées.(..)Elles étaient, en réalité, ténues à l’écart de création artistique»3
«Les intervention dans la rue était un des éléments moteur de ces Rencontres. Ce qui n’allait pas sans dangers, à cause surtout des temps politiquement instables et troubles connus alors par le pays. Mais aussi à cause de là nécessité de trouver des langages spécifiques (des langages non verbaux et non littéraires) adaptés à la communication avec une population maintenue volontairement dans l’ignorance des grands débats culturels, tenue à l’écart du dialogue constructif.»4
«Un public nouveaux est alors né, avide d’images et d’objets, victime presque innocente des vieux marchands de rêves. Un public à la recherche des ses valeurs, de ses créateurs.»5
Seria importante não esquecer, nos tempos que correm, a energia que encetava esta geração, apesar de imbuída numa dimensão temporal e ideológica diferente. Egídio Álvaro, como analisa Ana Luísa Barão, queria que o espaço da performance fosse “participativo, interveniente, implicado no processo”; propondo “(…)uma “arte voltada para as massas”. E isto esteve na base da produção dos Encontros Internacionais de Arte em Portugal (1974-1977).6
Rosalee Goldeberg sublinha também esta função da performance na “destruição de barreiras entre as belas artes e a cultura popular”, onde o “artista assinalava-se como presença viva” como “corpo” real contribuindo para o desenvolvimento de outras disciplinas. 7
Talvez após 1984, o “ciclo de exposições e conferência: Performance Portugaise”8realizado, no Centro George Pompidou foi o culminar deste processo, efusivo e pós-revolucionário9.
Em meados dos anos oitenta, uma nova geração de artistas afirma-se pretendendo desmistificar a efetivação dos valores da revolução e procurar novos paradigmas para a arte, interessados na internacionalização das suas propostas, assumindo uma atitude mais individualista face ao panorama da arte em geral.
As forças que geraram o projeto do coletivo das chamadas “Vanguardas Portuguesas”10, inserindo a performance na arte e na sociedade portuguesa despedem-se para dar lugar uma descontinuidade…
A performance não fez “escola”* em Portugal, apesar de algumas exceções mesmo nos anos 80 há uma tentativa, um retorno aos festivais de Performance, como em 1985, com PERFORMARTE, que decorreu em Torres Novas, organizado por Manuel Barbosa e Fernando Aguiar. Numa perspetiva comercial a performance “deixa” paulatinamente o espaço público e insere-se cada vez mais no âmago privado – as galerias.
Há uma ausência de um processo evolutivo dentro desta área.11 O mundo académico foi resistindo a esta realidade regeneradora dos anos 70. No entanto, há sempre exemplos de interligação como os ciclos do IADE, intervenções no espaço urbano que se realizaram, em Lisboa, com a participação de performers portugueses e alunos, em finais da década de 70 e a performance de Albuquerque Mendes, na ESBAP, em 1983, aula de pintura.
A presença do caráter do coletivo na criação artística e a existência da interação e ação do público não especializado dentro da performance foram pertinentes no passado… porque não repensá-los na atualidade?
Muito fica por dizer e analisar relativamente à Performance Portuguesa nomeadamente no período designado dos entre 1974 e os meados dos anos 80. Limitei-me a abordar apenas alguns factos e a colocar em evidência a relação performance-público. Penso que antes do fim, é pertinente voltar ao princípio, não ao passado saudosista, mas sim identitário, que conduza a uma relação com a História, nomeadamente com História de Arte, recorrendo a outras disciplinas que sirvam uma sociedade em mudança.
Texto convertido pelo conversor da Porto Editora, respeitando o Acordo Ortográfico de 1990.
1 In, CATÁLOGO [+ de ] 20 grupos e episódios no porto do século XX. Porto: Galeria do Palácio, 2001, I vols.
2 MENCARINi, Marta – Mesa de Luz. Performance artística e Live-image em espaços públicos.[consult. 28-02-2012]. Disponível em WWW. arte.unb.br/7art/textos/MartaMencarini.pdf.
3 In, ÁLVARO, Egidio – Performance Portugaise: Centre George Pompidou,1984.Paris .p.1
4 In, ÁLVARO, Egidio – Performance Portugaise: Centre George Pompidou,1984.Paris .p.2
5 ÁLVARO, Egídio – Performances Rituels intervention en espace urbain art du comportement au Portugal: Ed.Fondation Gulbenkian,1979. p.1-2
6 “Egídio Álvaro considera a performance como a linguagem artística que melhor corresponde à necessidade e às exigências das
grandes massas populares, tradicionalmente mantidas à margem do fenómeno artístico E porquê? Porque se consubstancia numa ideia de diálogo direto tão importante para o fim das barreiras existentes entre artista e o público.”
In, BARÃO, Ana Luísa – Heterodoxias Performativas.Egídio Álvaro e a Performance.Anos ‘70 e ’80:Universidade do Porto,2009.p.4.
7 GOLDBERG,Roselee – A Arte da performance: do futurismo ao presente, Antígona, 2007.p.10
8 “Comissário da exposição da exposição Performance Portugaise realizada no Centro George Pompidou em 1984, Egídio Álvaro reuniu no mesmo espaço sensibilidades diversas e atuantes em territórios artísticos distintos.”
In, BARÃO, Ana Luísa – Heterodoxias Performativas. Egídio Álvaro e a Performance. Anos ‘70 e ’80. Universidade do Porto, 2009.p.1
9 Em 1979 Egídio Álvaro escreve tendo consciência da realidade em mudança que o futuro afigurava em termos artísticos, num simpósio em Lyon: “une politique de façade et d’artificilité prit la place de l’ancienne, et les artistes, confrotés pour la plupart à la dure realité d’une survie douteuses, et aléatoire se découragèrent et abandonnèrent la lutte.”
In,ÁLVARO, Egídio – Performances Rituels intervention en espace urbain art du comportement au Portugal : Ed.Fondation Gulbenkian,1979.p.2
10 “Vanguardas portuguesas”, expressão utilizada por Egídio Álvaro: “As vanguardas que nos foram propostas nos últimos trinta anos e as vanguardas que continuam agora a ser-nos propostas tem características de estarem ligada, de perto ou de longe, direta ou indiretamente, a outras vanguardas – quase sempre europeias.”
In, CATÁLOGO [+ de ] 20 grupos e episódios no porto do século XX. Porto: Galeria do Palácio, 2001, I vols.
11 ÁLVARO, Egídio : “Se, num dado momento, são as forças inovadoras, as forças de transformação ou de mutação que prevalecem teremos uma cultura em evolução. No caso contrário, teremos uma cultura em regressão. A terceira possibilidade é a de uma cultura estagnante votada a uma desagregação a curto prazo»
In, BARÃO, Ana Luisa – Heterodoxias Performativas.Egídio Álvaro e a Performance.Anos ‘70 e ’80: Universidade do Porto, 2009.p.4
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Coordina Mario Gutiérrez Cru
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